Tipo Agressivo de Câncer de Mama é Influenciado pela Ação Conjunta de Genes e RNA
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Mulheres Latinas são frequentemente diagnosticadas em estágios avançados de câncer de mama do tipo triplo-negativo e podem se beneficiar de tratamentos que tem como alvo a biologia de seus tumores.
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Karen Teber
km463@georgetown.edu
WASHINGTON (22 de outubro de 2019) — Mulheres diagnosticadas com um tipo menos comum e agressivo de câncer de mama, conhecido como triplo-negativo, podem ser diferenciadas de mulheres com outras formas da doença através de um painel de 17 moléculas pequenas de RNA. Estas moléculas podem ser diretamente influenciadas por alterações genéticas encontradas tipicamente em células cancerosas.
Pesquisadores liderados pela Dra. Luciane Cavalli, da Georgetown Lombardi Comprehensive Cancer Center, e colaboradores, descobriram que variações na expressão, se aumentada ou diminuída, dessas moléculas pequenas de RNAs, conhecidos como microRNAs (miRNAs) podem parcialmente explicar as taxas desiguais de câncer de mama do tipo triplo-negativo (TNBC) em mulheres Latinas, quando comparadas a mulheres brancas de origem não-hispânicas e potencialmente resultar em opções de tratamento mais eficazes.
Estes são os resultados de um novo estudo publicado em 22 de outubro de 2019 na revista Oncotarget.
“Devido a variabilidade na expressão de miRNAs de acordo com a raça ou etnia, determinamos que era crítica a caracterização da linhagem genômica (ou ancestralidade) de mulheres com TNBC,” afirmou Dra. Cavalli, professora adjunta de Medicina da Georgetown University School of Medicine e professora pesquisadora do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Curitiba, Brasil. “Apesar do foco do nosso estudo ser a genética, permanecemos cientes de que fatores não-genéticos, como as condições socioeconômicas das pacientes, podem impactar significativamente as taxas de incidência do TNBC e outros tipos de câncer de mama.”
Estatísticos estimam que o TNBC ocorre em até um terço das mulheres em países da América Latina, taxa superior ao que ocorre nos Estados Unidos. Os pesquisadores deste estudo se concentraram em pacientes do Brasil, país em que em 2018 foram estimados o diagnóstico de 60.000 novos casos de câncer de mama.
Os cientistas descobriram que mulheres com TNBC apresentam alterações específicas do número de cópias dos seus genes que influenciam a expressão de 17 miRNAs quando comparadas a mulheres com outras formas de câncer de mama, que não apresentam essas alterações. Eles também observaram que os níveis de expressão da maioria desses miRNAs estavam associados a agressividade clínica do tumor (grau e estágio avançado).
“O painel de miRNAs que identificamos indica potenciais vias celulares e “networks” de genes críticos ao câncer, que podem ser alvos no desenvolvimento de tratamentos contra TNBC em mulheres Latinas, assim que os nossos dados sejam validados em estudos maiores,” concluiu a Dra. Cavalli. “Utilizando estas alterações genéticas como alvo, que representam a biologia única desses tumores, pode-se desenvolver tratamentos mais eficientes, o que pode aumentar a longevidade de mulheres Latinas que não possuem muitas opções terapêuticas para lutar contra essa doença agressiva.”
Além da Dra. Luciane Cavalli, autores incluem: Bruna M. Sugita, Departmento de Genética, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil e Faculdades Pequeno Príncipe, Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brasil; Silma R. Pereira, Departmento de Biologia, Universidade Federal do Maranhão, São Luis, MA, Brasil; Rodrigo C. de Almeida, Department of Biomedical Data Sciences, Section Molecular Epidemiology, Leiden University Medical Center, Leiden, Netherlands; Mandeep Gill, Akanksha Mahajan, Anju Duttargi, e Saurabh Kirolikar, Department of Oncology, Lombardi Comprehensive Cancer Center, Georgetown University Medical Center; Paolo Fadda, Genomics Shared Resource, Comprehensive Cancer Center, The Ohio State University, Columbus, Ohio; Rubens S. de Lima and Cicero A. Urban, Unidade da Mama, Hospital Nossa Senhora das Graças, Curitiba, PR, Brazil; Kepher Makambi, Department of Biostatistics, Bioinformatics, and Biomathematics, Georgetown University Medical Center; Subha Madhavan, Department of Oncology, Lombardi Comprehensive Cancer Center, Georgetown University Medical Center and Innovation Center for Biomedical Informatics, Lombardi Comprehensive Cancer Center, Georgetown University; Simina M. Boca, Department of Oncology, Lombardi Comprehensive Cancer Center, Georgetown University Medical Center, Washington, Department of Biostatistics, Bioinformatics, and Biomathematics, Georgetown University Medical Center, Innovation Center for Biomedical Informatics (ICBI), Lombardi Comprehensive Cancer Center, Georgetown University Medical Center; Yuriy Gusev, Department of Oncology, Lombardi Comprehensive Cancer Center, Georgetown University Medical Center, Innovation Center for Biomedical Informatics (ICBI), Lombardi Comprehensive Cancer Center, Georgetown University Medical Center; Iglenir J. Cavalli and Enilze M.S.F. Ribeiro, Departmento de Genética, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
Os autores declaram não haver conflito de interesse relevante a este estudo.
Esta pesquisa foi financiada pelo Georgetown University Center of Excellence in Regulatory Science and Innovation (CERSI; U01FD004319) e foi parcialmente financiada pelo NIH/NCI grant P30-CA051008.
Sugita BM, Pereira SR, et al. Integrated copy number and miRNA expression analysis in triple negative breast cancer of Latin American patients. Oncotarget. No. 58. Oct. 22, 2019.